Blog >
Autor:
Pediatra, você sabe qual é o seu papel no momento do aleitamento materno? Nesse período em que o bebê se alimenta total ou parcialmente do leite da mãe, é importante que o profissional da saúde esteja presente para auxiliar no aconselhamento em amamentação e também incentivar a prática do aleitamento materno, pois a desinformação é algo comum, assim como os mitos.
Dessa forma, além de trabalhar o aconselhamento, é fundamental saber como proceder diante dos questionamentos e dificuldades dos pais, trabalhando a autoestima deles, de modo que eles possam estar confiantes o suficiente para darem o seu melhor.
Para evitar que os seus pacientes fiquem desestimulados e consigam ter mais confiança em suas orientações, separamos algumas práticas de aconselhamento em amamentação. Confira!
Aconselhamento x dar conselho
A primeira etapa é compreender que aconselhamento é diferente de dar conselho em todos os sentidos. Isso porque enquanto um atua de forma imperativa, a outra vai te ajudar a trabalhar o emocional e o psicológico da mãe.
Dar conselho é dizer à mãe o que ela deve fazer, ou seja: amamentar, ter paciência, fazer o teste do olhinho, vacinar etc.
Já o aconselhamento é o ato de escutar, consegui entender os sentimentos da mãe e ajudá-la a adquirir autoconfiança, para que dessa forma, ela possa decidir o que fazer.
Assim, o papel do pediatra não é apenas dar conselho, mas também atuar no aconselhamento em amamentação, fazendo o acolhimento da criança e da família da melhor maneira possível
Aconselhamento em amamentação: como o pediatra precisa se comportar
Que o pediatra deve orientar, aconselhar e ajudar os pais, isso todo mundo já sabe. No entanto, existem práticas comportamentais e físicas que vão ao encontro dessa metodologia, de modo que seja possível escutar (e não só ouvir), aprender enquanto dá apoio e confiança à mãe.
Como muitos dos responsáveis são mães de primeira viagem, muita coisa é nova. Dessa forma, descrever, se comunicar e até conseguir identificar algo no bebê podem ser mais difíceis para elas.
Para te ajudar em todo esse processo:
1- Aprenda a usar a comunicação não verbal
A forma como comunicamos com os pacientes deve ser diferente daquela que usamos com os nossos familiares e amigos. É importante perceber que muitas mães que vão até o consultório, estão inseguras e com medo. Dessa forma, será preciso entender que a comunicação não verbal será tão importante quanto os conselhos para acolher a família.
- Mantenha-se na mesma altura: isso irá evitar que a família sinta que você está ali para julgá-los e não ajudá-los, afastando-os. Busque se manter na mesma altura que a mãe, evitando estar em condições que te deixem mais alta do que ela.
- Sem pressa: sabemos que consultas em clínicas possuem agenda e tempo marcado, mas trabalhar com uma margem maior de tempo nas consultas podem te aproximar da família, pois atendimentos de 20 ou 30 minutos dificilmente serão imersivos o suficiente para identificar e analisar determinados casos.
- Seja um facilitador: a comunicação não verbal trabalha muito com o inconsciente da pessoa. Dessa forma, ações como abrir a porta, ajudar com pequenos gestos podem deixar subentendido que você está ali para realmente ajudar.
- Toques de maneira apropriada: o toque é um dos pontos mais importantes da comunicação não verbal, pois ele transmite várias ações, agradáveis ou não. Por isso, esteja ciente que o toque estimula, ensina, entusiasma, constrói, orienta e inspira, desde que realizados da maneira correta.
Outros pontos importantes da comunicação não verbal são: olhar, expressões faciais, pontualidade, velocidade de fala, entonação e ênfase.
2- Tenha uma comunicação eficiente
Saber perguntar é um grande diferencial em uma boa comunicação entre médico e paciente. No aconselhamento em amamentação, o pediatra precisa estar ciente que ele não está ali apenas para dar conselhos, com base nos problemas apresentados.
Saber ouvir é importante para conhecer mais sobre a mãe e até identificar problemas que nem mesmo ela sabe que possui.
Dessa forma, formular perguntas abertas impede que muitas respostas sejam apenas “sim” ou “não”. Para isso, uma dica é começar algumas frases com: “Por que...”, “Conte-me sobre….” ou “Como...”.
Além disso, quando elaborar uma das perguntas, mostre que está interessado na resposta por meio de gestos e palavras. Essa estratégia vai deixar a mãe mais à vontade, além de conseguir ganhar a confiança dela.
Quando se mostra empatia, é possível mostrar para a mãe que você escutou, entendeu e o foco agora são os sentimentos dela e a saúde da criança.
3- Evite julgamentos
Infelizmente, é comum que mães tenham uma ideia errada a respeito da alimentação do bebê. Um dos objetivos do aconselhamento em amamentação é aceitar e respeitar o que a mãe pensa e sente.
O ato de criticar ou discordar pode gerar insegurança para a mãe, de modo que ela se sinta diminuída e com pouca autoconfiança e talvez até evite o profissional da saúde. Todavia, é importante também não demonstrar que você, pediatra, concorda com uma atitude considerada errada.
Dessa forma, o ideal é agir e responder de maneira neutra, como “Aham”, “Entendo” ou “Isso te preocupa?”.
Assim, a dica aqui é sempre que possível, reconhecer com elogios o que a mãe está fazendo de certo, encorajando-a e dando-a confiança, passando informações que sejam úteis e repassadas de forma positiva e não voltados para a crítica.
É importante ressaltar que sempre que uma mãe procura por um pediatra, ela está procurando ajuda e não julgamentos. Dessa forma, o seu objetivo no aconselhamento materno é trabalhar a confiança da mãe, para que ela se sinta confiante, segura e bem informada para ajudar no desenvolvimento da criança.
Curtiu este artigo? Aproveite e se inscreva em nossa newsletter para receber conteúdos quentinhos em seu e-mail. Até o próximo artigo! :)

Assine nossa Newsletter
Cadastre-se e receba novidades e dicas da Eludivila
em seu e-mail.