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Aconselhamento em amamentação: como o pediatra deve proceder diante das dificuldades da mãe
9 de setembro de 2020
Aconselhamento em amamentação: como o pediatra deve proceder diante das dificuldades da mãe

Autor:

Isabela Moreira Forni

Pediatra, você sabe qual é o seu papel no momento do aleitamento materno? Nesse período em que o bebê se alimenta total ou parcialmente do leite da mãe, é importante que o profissional da saúde esteja presente para auxiliar no aconselhamento em amamentação e também incentivar a prática do aleitamento materno, pois a desinformação é algo comum, assim como os mitos.


Dessa forma, além de trabalhar o aconselhamento, é fundamental saber como proceder diante dos questionamentos e dificuldades dos pais, trabalhando a autoestima deles, de modo que eles possam estar confiantes o suficiente para darem o seu melhor.


Para evitar que os seus pacientes fiquem desestimulados e consigam ter mais confiança em suas orientações, separamos algumas práticas de aconselhamento em amamentação. Confira!


Aconselhamento x dar conselho

A primeira etapa é compreender que aconselhamento é diferente de dar conselho em todos os sentidos. Isso porque enquanto um atua de forma imperativa, a outra vai te ajudar a trabalhar o emocional e o psicológico da mãe.


Dar conselho é dizer à mãe o que ela deve fazer, ou seja: amamentar, ter paciência, fazer o teste do olhinho, vacinar etc.


Já o aconselhamento é o ato de escutar, consegui entender os sentimentos da mãe e ajudá-la a adquirir autoconfiança, para que dessa forma, ela possa decidir o que fazer.


Assim, o papel do pediatra não é apenas dar conselho, mas também atuar no aconselhamento em amamentação, fazendo o acolhimento da criança e da família da melhor maneira possível


Aconselhamento em amamentação: como o pediatra precisa se comportar

Que o pediatra deve orientar, aconselhar e ajudar os pais, isso todo mundo já sabe. No entanto, existem práticas comportamentais e físicas que vão ao encontro dessa metodologia, de modo que seja possível escutar (e não só ouvir), aprender enquanto dá apoio e confiança à mãe.


Como muitos dos responsáveis são mães de primeira viagem, muita coisa é nova. Dessa forma, descrever, se comunicar e até conseguir identificar algo no bebê podem ser mais difíceis para elas.


Para te ajudar em todo esse processo:

1- Aprenda a usar a comunicação não verbal

A forma como comunicamos com os pacientes deve ser diferente daquela que usamos com os nossos familiares e amigos. É importante perceber que muitas mães que vão até o consultório, estão inseguras e com medo. Dessa forma, será preciso entender que a comunicação não verbal será tão importante quanto os conselhos para acolher a família.



  • Mantenha-se na mesma altura: isso irá evitar que a família sinta que você está ali para julgá-los e não ajudá-los, afastando-os. Busque se manter na mesma altura que a mãe, evitando estar em condições que te deixem mais alta do que ela.
  • Sem pressa: sabemos que consultas em clínicas possuem agenda e tempo marcado, mas trabalhar com uma margem maior de tempo nas consultas podem te aproximar da família, pois atendimentos de 20 ou 30 minutos dificilmente serão imersivos o suficiente para identificar e analisar determinados casos.
  • Seja um facilitador: a comunicação não verbal trabalha muito com o inconsciente da pessoa. Dessa forma, ações como abrir a porta, ajudar com pequenos gestos podem deixar subentendido que você está ali para realmente ajudar.
  • Toques de maneira apropriada: o toque é um dos pontos mais importantes da comunicação não verbal, pois ele transmite várias ações, agradáveis ou não. Por isso, esteja ciente que o toque estimula, ensina, entusiasma, constrói, orienta e inspira, desde que realizados da maneira correta.


Outros pontos importantes da comunicação não verbal são: olhar, expressões faciais, pontualidade, velocidade de fala, entonação e ênfase.

2- Tenha uma comunicação eficiente

Saber perguntar é um grande diferencial em uma boa comunicação entre médico e paciente. No aconselhamento em amamentação, o pediatra precisa estar ciente que ele não está ali apenas para dar conselhos, com base nos problemas apresentados.


Saber ouvir é importante para conhecer mais sobre a mãe e até identificar problemas que nem mesmo ela sabe que possui.


Dessa forma, formular perguntas abertas impede que muitas respostas sejam apenas “sim” ou “não”. Para isso, uma dica é começar algumas frases com: “Por que...”, “Conte-me sobre….” ou “Como...”.


Além disso, quando elaborar uma das perguntas, mostre que está interessado na resposta por meio de gestos e palavras. Essa estratégia vai deixar a mãe mais à vontade, além de conseguir ganhar a confiança dela.


Quando se mostra empatia, é possível mostrar para a mãe que você escutou, entendeu e o foco agora são os sentimentos dela e a saúde da criança.


3- Evite julgamentos

Infelizmente, é comum que mães tenham uma ideia errada a respeito da alimentação do bebê. Um dos objetivos do aconselhamento em amamentação é aceitar e respeitar o que a mãe pensa e sente.


O ato de criticar ou discordar pode gerar insegurança para a mãe, de modo que ela se sinta diminuída e com pouca autoconfiança e talvez até evite o profissional da saúde. Todavia, é importante também não demonstrar que você, pediatra, concorda com uma atitude considerada errada.


Dessa forma, o ideal é agir e responder de maneira neutra, como “Aham”, “Entendo” ou “Isso te preocupa?”.


Assim, a dica aqui é sempre que possível, reconhecer com elogios o que a mãe está fazendo de certo, encorajando-a e dando-a confiança, passando informações que sejam úteis e repassadas de forma positiva e não voltados para a crítica.


É importante ressaltar que sempre que uma mãe procura por um pediatra, ela está procurando ajuda e não julgamentos. Dessa forma, o seu objetivo no aconselhamento materno é trabalhar a confiança da mãe, para que ela se sinta confiante, segura e bem informada para ajudar no desenvolvimento da criança.


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Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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