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Sapato para crianças: Como orientar os pais na escolha do ideal?
11 de julho de 2023
Sapato para crianças: Como orientar os pais na escolha do ideal?

Autor:

Eludivila Especialização Pediátrica

Quando o assunto é a saúde dos pés dos pequenos, a escolha do calçado mais adequado desempenha um papel fundamental. Mas, afinal de contas, como orientar os pais na seleção do sapato para criança mais ideal para cada caso?


Muitas são as dúvidas associadas a esse tema, e essas dúvidas não permeiam apenas a vida das famílias: muitas vezes, nós, profissionais de pediatria, nos perguntamos sobre qual é a melhor forma de oferecer o suporte necessário, respondendo as perguntas que podem surgir no consultório.


Existe um leque grande de opções e, em boa parte das situações, os pais se sentem perdidos e confusos. Calçados anatômicos? Barefoot? Ortopédicos? Qual é a alternativa mais adequada? 


Neste artigo, você vai entender um pouco mais sobre esse assunto, conhecer os detalhes que diferenciam os calçados citados e saber como orientar as famílias no consultório de pediatria no momento da escolha do sapato para criança.


Sapato para criança: quanto menos, melhor


Antes de mais nada, apesar do objetivo deste artigo ser ressaltar a importância da escolha correta dos calçados infantis, é importante dizer que o máximo que a criança puder ficar descalça, melhor! Portanto a afirmação deste subtítulo, “quanto menos, melhor” é a mais pura realidade.


Os bebês nascem com a pele dos pés cheia de receptores sensoriais, e por muitos anos vai ser assim. Quando são estimulados, ativam várias zonas do cérebro e promovem a consciência corporal, ajudando o bebê a conhecer o seu corpo e a se movimentar de forma mais consciente e ativa, preparando para as futuras aquisições.


Portanto, é importante dizer que as crianças só devem ser calçadas depois da aquisição da marcha. E mesmo depois disso, usar o menos possível, possibilitando ainda seguir com os pés descalços o resto da vida. 


É claro que os calçados são fundamentais para proteger as crianças em diversas situações e não é possível mantê-las descalças o tempo todo - mas o indicado é garantir isso na maior parte do tempo possível, quando for seguro e viável.


O impacto dos calçados no desenvolvimento infantil


Considerando o que foi dito anteriormente, vale a pena destacar o impacto que a escolha apropriada dos calçados tem na saúde e no desenvolvimento infantil: Bebês e crianças precisam de sapatos adequados.

Andar, correr, dançar, pular… tudo isso faz parte do desenvolvimento infantil. Essas ações estão diretamente relacionadas ao crescimento dos ossos e à evolução dos músculos, ligamentos e articulações.

O sapato para criança bem selecionado dá o suporte necessário para que os pequenos aprendam a ter equilíbrio, desenvolvam a coordenação motora e garantam mais autonomia. Tudo isso tem ligação direta com a maturação saudável do corpo.


Podemos inicialmente separar os calçados para o início do movimento da marcha - os sapatos para os primeiros passos e depois para as crianças que já adquiriram um controle maior da marcha.


Primeiros passos e aquisição de marcha


Uma criança que acaba de começar a ficar em pé, que se equilibra sozinha e dá os seus primeiros 10 passos, não deveria colocar nenhum tipo de calçado, se isso for possível.


Nesses primeiros 6 meses de aprendizado, a criança pode ser calçada com meias antiderrapantes ou sapatos "primeiros passos" que falaremos a seguir, se assim for necessário. 


Após esta etapa, a criança entra na fase de aquisição de marcha, que ocorre até cerca dos 4 anos de idade. Daqui em diante começa a maturação da marcha que se pode considerar estabelecida.


É importante destacar que cada criança é uma criança diferente e cada uma terá o seu desenvolvimento.


Sapato para os primeiros passos 


Esses são os sapatos indicados para os primeiros 6 meses após os primeiros passos. Essas sapatos possuem a característica de ter a sola muito fina e flexível, quase como uma meia. Em algumas marcas a palmilha não é extraível por forma adquirir maior sensação de andar descalço e é possível “enrolar” o calçado sobre si mesmo. Relativamente ao tato, grossura e flexibilidade, quase não se distingue a sola do resto do sapato.

As indicações de produtos neste blog são baseadas em estudos científicos e opiniões de pacientes.
Não recebemos compensação financeira ou benefícios em troca dessas recomendações.


Sapato de aquisição da marcha 


Esses são os sapatos indicados após esses primeiros meses, como citado anteriormente. Essas sapatos possuem a sola um pouco mais grossa que a do calçado de primeiros passos, com cerca de 3-4 mm, mas muito flexível. Na maioria das marcas a palmilha costuma ser extraível e podemos observar detalhes que promovem a proteção do calçado de brincadeiras mais ativas, como biqueiras protegidas.


Qual a grande diferença entre o calçado para primeiros passos e aquisição de marcha? 


Ambos cumprem com os critérios de um calçado adequado para crianças, protegendo os pés de solos muito frios/quentes e dos seus potenciais perigos físicos e químicos, sem interferir de forma alguma na marcha. Dependendo das marcas podem ser bastante semelhantes, apresentando a maior diferença na sola. 


Quais são as características do sapato ideal? Conheça o conceito de "Sapatos Barefoot" 


 ​​O calçado ideal, atualmente denominado Barefoot, é um calçado que protege os pés sem interferir com os seus movimentos naturais e o desenvolvimento fisiológico das crianças. 

A tradução de barefoot é "pés descalços", então como o nome indica, é como se andassem descalças, mantendo todos os benefícios associados, mas sem o risco de apertar ou machucar os pés.  A premissa é: O sapato deve caber no pé, não o pé no sapato.


Quais são as características desse tipo de sapato? 


Características da sola: 


Fina:
cerca de 3 mm até aos 4 anos para permitir o desenvolvimento normal dos seus pés. Podendo aumentar para 8 mm para os mais velhos. 


Flexível:
deve ser possível dobrá-la na zona dos metatarsianos (no meio do pé). 

Para as crianças que estão começando a andar, ou seja, no momento da aquisição da marcha, deve ser possível de torcer para permitir o movimento de todas as articulações e não atrapalhar movimentos;


Dura: Não devem ser almofadadas (existem excepções como a prática de atividades específicas);


Sem declive (0 Drop)
: sem diferenças de altura em toda a sua extensão, para não modificar a aplicação do peso e centro de gravidade da criança.


Características do contraforte (a parte traseira do calçado que fica em contato com o calcanhar):
Deve ser flexível e praticamente inexistente para que a criança ganhe força no tornozelo de forma natural durante a evolução da marcha, sem estabilizadores laterais que proporcionam um equilíbrio externo falso.


Sistema de ajuste:
Essencial para que o sapato se adapte ao pé sem provocar incómodo ou machucar, podendo ser cadarço ou velcros, de acordo com a idade da criança e a promoção da sua autonomia.


Palmilha

Sem elementos anatómicos: Um pé saudável não necessita de elementos com relevo na palmilha que interfira no natural desenvolvimento da ponte do pé.

De preferência extraível, por facilitar a sua limpeza e detetar se o sapato ainda serve à criança, ao poder visualizar diretamente o comprimento do pé sobre a palmilha.


Calçados ortopédicos e bota ortopédica 


Essas categorias são recomendadas por ortopedistas para casos muito específicos. Eles são produzidos sob medida, levando em consideração o diagnóstico do paciente e sendo fabricado para atender sua necessidade.


Diferentemente dos outros calçados, que podem ser adquiridos pelo público em geral, os ortopédicos dependem da receita de um profissional especializado e são utilizados em casos muito específicos. 


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Como você viu neste artigo, a escolha do melhor sapato para criança é muito importante e está diretamente relacionada ao desenvolvimento infantil. Esse é um dos temas abordados na Especialização em Puericultura da Eludivila.


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Alguns dos assuntos explorados no curso:


  • O consultório de pediatria;
  • Gestação e pediatria;
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Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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Informações para pediatras sobre a Criptorquidia em bebês. Entenda as opções de manejo, como diagnosticar e orientar pais e cuidadores.
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