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Amamentação em Tandem: orientações do pediatra para a mãe
17 de janeiro de 2022
Amamentação em Tandem: orientações do pediatra para a mãe

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Dúvidas sobre amamentação são recorrentes no consultório pediátrico. Imagine, então, quando a amamentação é para duas ou mais crianças em idades diferentes! Sim, é possível e chamamos o evento de amamentação em tandem. 


Tal qual a amamentação comum, a amamentação em tandem é permeada de
mitos. E foi para desmistificar alguns deles que decidimos criar este rápido artigo. 


A ideia aqui é ajudar você, colega pediatra, a passar a se preparar para receber as dúvidas, tratá-las com segurança e acolher a mãe e a rede de apoio com informação.


Preparado? Boa leitura!

Mitos e verdades sobre Amamentação em Tandem


1 - A produção de leite reduz

Mito! A produção de leite não é reduzida pela amamentação em tandem.


É natural, sim, que a quantidade de leite produzido reduza durante a gestação, devido às alterações típicas da gravidez e, principalmente, ao aumento da progesterona. Mas, após o nascimento do bebê, o corpo se adapta e a produção retoma o seu fluxo normal, atendendo à demanda das duas crianças.


2 - A mãe não produz mais colostro

Mito! A produção de colostro não será impactada com a amamentação em tandem. Logo, o colostro também não reduzirá durante a amamentação simultânea de duas crianças. O mais importante nesse período é priorizar a oferta para o recém nascido e não para a criança mais velha, já que o colostro para o bebê que acaba de nascer tem um papel muito importante. 


Outra observação que se deve fazer quanto a isso é que o colostro pode ter um efeito laxativo na criança mais velha que está sendo amamentada durante a gravidez. Por isso, é importante orientar que a mãe observe se a criança apresentar tal sintoma.


3 - O gosto do leite muda

Verdade! A composição do leite durante a gestação muda e, consequentemente, o sabor do leite também. Assim, pode ser que a primeira criança perca o interesse no leite e entre em processo de desmame, tanto pela mudança do sabor como pela diminuição do volume do leite durante a gestação.


Há evidências de que cerca de 26% das crianças mais velhas em amamentação em tandem rejeitam a amamentação pelo sabor diferente do leite.


4 - O recém-nascido deve mamar primeiro

Depende muito da situação! Em geral, a recomendação é que, pelo menos na fase de colostro, o recém-nascido seja a prioridade. 


Mas, como dissemos, o corpo da mãe se ajusta à demanda dos seus bebês. Por isso, há casos em que o corpo pode acelerar a transição do leite de colostro para o leite maduro e o recém-nascido não receber colostro suficiente para uma nutrição plena e adequada.


Após a fase de colostro, a ordem de amamentação fica a critério da mãe e da necessidade das crianças.


5 orientações para uma melhor Amamentação em Tandem

Além de desmistificar o tema, é importante que o pediatra saiba orientar a mãe para que ela realize a amamentação de forma confortável para si e para as suas crianças.
 

1 - Posição e dinâmica da amamentação

A mãe pode viver uma experiência desconfortável de ter dois bebês em idades diferentes mamando ao mesmo tempo. Isso porque o primeiro já terá um comportamento mais maduro e mais independente de posição, mamando em pé, por exemplo. 


Já o mais novo precisará ainda de auxílio da mãe, na pega, no encaixe com o corpo. Além disso, a sucção dos dois se dará de forma e com estímulos diferentes.


Nesse caso, o pediatra pode orientar a mãe a amamentar os filhos em momentos diferentes.

2 - Higienização da mama

Não é preciso haver uma higienização rigorosa da mama pelo fato de a mãe amamentar duas crianças. Basta manter a higienização usual e ficar atento caso observe sinais de candidíase mamária.

3 - Produção de leite mais consistente

Importante ainda a mãe ter conhecimento de que, em uma segunda gravidez, a produção de leite pode se dar de forma mais intensa. Assim, a produção tende a melhorar em função daquele corpo já estar preparado, com glândulas mamárias plenamente desenvolvidas.

Esse fato deve ser considerado pois provavelmente o fluxo de leite da primeira amamentação será diferente da segunda, mudando a experiência e dinâmica. 

4 - Filho mais velho querendo voltar a mamar 

A amamentação em tandem pode ocorrer também quando o filho mais velho já tiver desmamado e queira voltar a mamar com a presença da segunda criança. 


É importante considerar o que leva a esse comportamento, como por exemplo:
1) curiosidade ao ver o irmão sendo amamentado;
2) passado de um desmame precoce;
3) carência afetiva e/ou ciúmes.


A dúvida da mãe pode residir se volta a amamentar ou não o filho mais velho e aqui o pediatra precisa conhecer o contexto dessa criança e da família para orientar da forma mais adequada e individualizada.

5 - Julgamentos da família

Boa parte das inseguranças dos pais na amamentação em tandem ocorre em função da opinião e do julgamento de terceiros. 


Aqui, cabe ao pediatra nutrir os pais com informações, como as que aqui foram apresentadas, para que tais dúvidas deixem de existir e essa amamentação seja o mais tranquila e segura para a mãe, o filho mais velho e para o recém-nascido.

 

Resumindo…

Aqui, levantamos algumas dúvidas sobre a amamentação em tandem, que costumam ser ancoradas em mitos ou até em equívocos do senso comum. Como você pode perceber, ela não oferece risco à saúde da mãe, do primeiro filho ou do bebê recém-chegado. 


Afinal, a amamentação é nutrição e um ato natural do laço entre mãe e filho. 


Mas, é essencial que o profissional aprofunde ainda mais sobre o tema para orientar e informar a mãe sobre as melhores formas de realizar, sem traumas, ou prejuízo à nutrição das crianças. Por isso, estude bastante o tema, e compreenda também o contexto de cada família. 


Esse artigo te ajudou? Veja agora um
Infográfico sobre Amamentação, pega, posição e sucção. Caso tenha interesse de aprofundar nos temas de amamentação, confira nosso curso de Amamentação.

Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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Informações para pediatras sobre a Criptorquidia em bebês. Entenda as opções de manejo, como diagnosticar e orientar pais e cuidadores.
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