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Carregadores de pano para bebês: qual a sua função e como usar?
12 de janeiro de 2022
Carregadores de pano para bebês: qual a sua função e como usar?

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A recomendação sobre que tipo de carregador de pano os pais devem usar não é necessariamente uma atribuição do pediatra, mas esse questionamento pode surgir nas consultas.


Assim, faz-se necessário ter uma conhecimento inicial sobre o assunto e ter contatos de consultoras de
babywearing que podem fazer a indicação e orientar os pais corretamente sobre o uso apropriado do mesmo.


Ainda assim, o pediatra pode fazer esse acompanhamento dando atenção às questões ergonômicas que podem ou não prejudicar o desenvolvimento da criança. 


Em função disso, este material traz as principais informações, do ponto de vista pediátrico, a se saber sobre o uso dos carregadores de pano e em que casos os pais devem ou não utilizá-lo.


História dos carregadores de pano no mundo

Historicamente, os carregadores de pano eram um acessórios comuns entre as mães, principalmente, que precisavam cuidar de seus bebês e realizar tarefas domésticas com mais autonomia. Assim, a peça de tecido era ideal para que a criança ficasse perto e ela pudesse fazer as atividades que precisasse.


Com a migração das mães para o mercado de trabalho, período da industrialização, e surgimento de outros itens como o carrinho de bebê, a relação de contato diário e colo utilizando os carregadores de pano foi aos poucos se perdendo na relação mãe-bebê e só retornou nos anos 70, em um outro contexto social.


Vantagens para o desenvolvimento do bebê

Existem diversos estudos que comprovam os benefícios dos carregadores de pano no desenvolvimento da criança. Entre os benefícios mais citados estão: 

  • Vínculo - o contato entre cuidador e bebê é um dos principais benefícios apontados nos diversos estudos que existem sobre o tema, reforçando a relação que se estabelece entre pai/mãe e criança.
  • Extrogestação - o acessório mantém o bebê em condições próximas às que ele vivia no útero da mãe, como o calor do contato, as batidas do coração e a respiração do cuidador.
  • Amamentação - o uso também pode facilitar a amamentação, pois o bebê pode ficar em uma posição confortável para ele e a mãe, com maior proximidade e oportunidade de mamadas.
  • Melhora o sistema digestivo - O uso de carregadores de pano, com seu correto posicionamento, pode levar a um melhor trânsito intestinal e ajudar nas cólicas e eliminação dos gases.


Um adendo para os pediatras: os carregadores de pano também contribuem para a prevenção de assimetrias cranianas que são recorrentes em recém-nascidos.


Vantagens para a mãe

Para a mãe, uma grande vantagem do uso é o ganho de autonomia para realização das atividades diárias. Isso favorece as suas relações sociais, uma vez que ela pode socializar, sair, fazer suas atividades, etc.

Como consequência, temos também uma mãe com mais mobilidade, seja dentro de casa, como em atividades externas (precisar ir ao médico, supermercado, etc) ou mesmo realizar uma viagem


Outras vantagens são o conforto e a questão
ergonômica, auxiliando a mãe a não ter dores ao carregar o bebê. Além disso, pode facilitar o processo de amamentação, como citado anteriormente.


Qual a fase para usar os carregadores de pano na criança?

Esse item pode ser usado a partir do primeiro dia de vida do bebê, o que devemos ter atenção é ao tipo de carregador adotado e a forma como os pais ou tutores dessa criança vão utilizá-lo. O uso inadequado pode não ser seguro, comprometer o desenvolvimento do bebê e causar desconforto ao cuidador.


Além disso, é importante se ater à fase de desenvolvimento do bebê para escolher o melhor modelo. Quanto mais novo, menos desenvolvido o bebê estará e isso vai requerer cuidado redobrado no uso do carregador de pano a fim de oferecer sustentação correta e segura, sem prejudicar sua coluna, por exemplo.


É importante destacar que mesmo que no produto seja indicado uma idade específica de uso, a família, médico e consultor devem observar e individualizar a fase de desenvolvimento do bebê, porque cada um terá um processo de crescimento individual.


Quais os tipos de carregadores de pano indicado para o começo da vida? 

São diversos os modelos existentes. Falaremos aqui dos modelos mais recomendados nos primeiros meses de vida:

Wrap é um pano de 5 metros de comprimento e 100% ajustável ao corpo e à ergonomia da mãe e do bebê. Por não ser estruturado e possibilitar ajuste fino, este é um dos modelos mais recomendados para ser usado desde os primeiros dias da criança.

Argola: esse modelo dispensa amarrações devido às argolas responsáveis por prender o bebê pertinho da mãe. Também não é estruturado e possibilita ajuste fino, um ponto de atenção e a sustentação do quadril. A atenção aqui, além do tipo de tecido também deve estar no material da argola. Ela deve ser de alumínio ou nylon e não pode possuir divisão.

Carregadores de pano x Canguru: o canguru pode até ser confundido com o wrap à primeira vista, porém as suas características diferem. Este modelo é uma espécie de mochila com fivelas para prender o bebê no corpo do adulto e apesar de ajustável, não é muito recomendado por causa da sua estrutura pré-concebida. Alguns tipos de cangurus não respeitam a fisiologia do bebê o que pode ser um problema na ergonomia e desenvolvimento do quadril. 

Algumas marcas de Canguru são ajustadas para carregar o bebê desde recém nascido, mas ainda sim os modelos de Wrap e Argola são melhores nos primeiros meses enquanto o bebê ainda não consegue sentar com apoio, pois sustentam e modelam melhor o corpo. 


A recomendação, com orientação da consultora, é buscar tecidos de qualidade que garantam a sustentação e segurança do bebê. 


Dicas de segurança

A principal recomendação com segurança é a sustentação do bebê e liberação das vias aéreas. Devemos atentar à sustentação da coluna, que nos primeiros meses de vida, deve ser mantida em C, curvada e o bebê deve estar na posição sentado com a barriga em contato com a barriga de quem carrega. 


As pernas devem estar flexionadas, em formato M, tipo "sapinho". Essa é a posição ideal na qual o bebê deve ser mantido no carregador de pano. Deve haver atenção também à proteção da cabeça. Ela deve estar bem apoiada e a via aérea deve ficar livre. Com isso evitamos a possibilidade de sufocamento da criança.


Além disso, é preciso ter cuidado com o ajuste e o encaixe para que o bebê não corra o risco de cair. À medida que o bebê cresce, podemos mudar para um carregador mais estruturado, como são os casos das mochilas ergonômicas e cangurus.


O papel do pediatra

Como vimos, o carregador de pano é uma peça que pode ajudar bastante pais e mães na rotina com a criança e ajudar na construção de uma relação de mais proximidade e aconchego.


Porém, é preciso ter atenção ao tipo e ao uso que se faz dele, para evitar problemas tanto para o cuidador quanto para o bebê. Se usado corretamente, ele trará muitos benefícios. 


Como mencionado, o pediatra precisa ter essa noção para prestar um atendimento que seja mais individualizado, sabendo analisar a realidade daquela família, bem como recomendar um profissional de confiança que possa passar as melhores orientações sobre amarrações e uso. 


No nosso curso de Puericultura nós temos um módulo inteiro falando sobre esse tema e se aprofundando em diversos outros aspectos.
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Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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Informações para pediatras sobre a Criptorquidia em bebês. Entenda as opções de manejo, como diagnosticar e orientar pais e cuidadores.
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