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Torcicolo congênito: como identificar e tratar?
4 de agosto de 2021
Torcicolo congênito: como identificar e tratar?

Autor:

*Este conteúdo foi revisado por David Nordon, nosso ortopedista pediátrico


A chegada de um bebê é sempre motivo de alegria, mas ao mesmo tempo de muita preocupação, principalmente quando os pais são novatos, não é mesmo? Um desses comportamentos é a posição viciosa do pescoço que pode ser sinal de um torcicolo congênito. 


Assim, como muitas dúvidas surgem e o pediatra deve
estar preparado para saná-las, conheceremos neste artigo a definição do torcicolo congênito, as possíveis causas, como diagnosticar, os tratamentos e como orientar os pais a prevenir que a criança desenvolva este tipo de problema. Confira!


O que é Torcicolo Congênito?

O torcicolo congênito caracteriza-se pela contratura unilateral de um músculo do pescoço que leva a criança a ficar com a cabeça inclinada para o lado do músculo afetado. A incidência maior é no período pré-natal ou em lactentes. Isso significa que pode se desenvolver depois do nascimento do bebê. 


O TC tem uma prevalência de até 16% de casos em recém-nascidos, o que dentro da pediatria é um dado alto que requer atenção do médico no diagnóstico correto e imediato, pois quanto mais cedo o tratamento é realizado, mais cedo o bebê se recupera.


Quanto à fisiopatologia da doença, existem algumas teorias. Uma delas defende que, ainda durante a gestação, o bebê sofre uma hemorragia localizada no pescoço que causa a contração ou encurtamento do músculo atingido, levando à inclinação da cabeça. 


Como realizar o diagnóstico de TC?

Há níveis diferentes de torcicolo congênito. Desde casos em que a criança tem uma visível inclinação da cabeça, àqueles em que a inclinação não é permanente, com crianças movimentando o pescoço até certo ponto, mas que manifestam uma postura de preferência (ou viciosa). Esse comportamento pode ser indício de TC.


Assim, o diagnóstico de torcicolo congênito é feito por exame clínico em que o pediatra deve observar as limitações de movimento do pescoço do bebê. Alguns pacientes podem apresentar um nódulo do lado onde há a contratura que pode ser detectado a partir do décimo dia de vida. 


A avaliação do movimento deve ser feita em rotações e inclinações, entendendo até que ponto a criança consegue movimentar naturalmente o pescoço. 

Tratamento


Ao diagnosticar a ocorrência de TC no recém-nascido, o pediatra deve encaminhar para um ortopedista e/ou fisioterapeuta, especializados no atendimento de crianças para proceder com o tratamento adequado. 


É importante que esse encaminhamento seja feito para evitar que os pais realizem por conta própria os movimentos e atividades para tratar o TC, o que pode agravar.


Só o fisioterapeuta pediátrico tem habilidade e conhecimento para realizar as atividades de alongamento e aquecimento para que o torcicolo congênito desapareça.


Assim, reiteramos que quanto mais cedo o diagnóstico for realizado e encaminhado para tratamento adequado, mais rápida será a recuperação.


Para se ter uma ideia, se descoberto aos 30 dias de vida do bebê, a recuperação pode acontecer em um mês e meio de tratamento. Já, se for descoberto aos seis meses de vida, a recuperação pode demorar de nove a doze meses.


Portanto, à medida que a criança cresce, o torcicolo fica mais difícil de tratar, podendo levar a casos cirúrgicos. A cirurgia, por sua vez, mesmo sendo possível, em casos extremos, não vai evitar outros problemas desenvolvidos pelo diagnóstico tardio.


Por exemplo, se só aos nove anos a criança foi diagnosticada com torcicolo congênito, significa que ela passou esse tempo todo desenvolvendo sua postura, seu equilíbrio e seu eixo de visão a partir dessa inclinação de cabeça.


 Então, mesmo que a cirurgia corrija a contratura, a criança poderá voltar a ficar com a cabeça inclinada pelo hábito que já desenvolveu.


Uma vez que o diagnóstico é realizado e o tratamento fisioterapêutico é iniciado, haverá necessidade de uma complementação com cuidados domiciliares. Aqui, tanto fisioterapeuta quanto pediatra podem orientar os pais nesse processo. Eles devem ser encorajados a realizar os exercícios propostos pelo fisioterapeuta para ajudar na recuperação do bebê.


Prevenção

A orientação que o pediatra deve dar aos pais logo nos primeiros dias de vida do bebê é de ações que evitam o desenvolvimento  do torcicolo congênito. Vamos às dicas:


Fazer tummy time uma hora por dia

Orientar os pais a fazer o tummy time de forma correta no bebê. Trata-se de um movimento que coloca o bebê de bruços por alguns minutos

É uma técnica que traz diversos benefícios para o desenvolvimento motor do bebê e o principal deles é o movimento do pescoço que vai fortalecendo aos poucos a musculatura da região.


Amamentação em mamas alternadas

O pediatra também deve orientar a mãe, em especial, sobre a importância de alternar as mamas durante a amamentação. Essa ação garante que o bebê não desenvolva uma postura viciosa de um lado do pescoço por se amamentar só de um lado.


Estímulos visuais no berço

Outro ponto importante na prevenção, é mudar o posicionamento dos móveis ou dos estímulos visuais que ficam no quarto do bebê. Se, por exemplo, só existir estímulo visual do lado direito, o bebê tende a ficar com a cabeça inclinada só para a direita enquanto está deitado. 


Por isso, oriente os pais a trocar os pontos de atenção de lugar e até a mudar o berço de lugar para que o bebê não desenvolva uma postura viciosa que resulte em um torcicolo congênito.


Em resumo

Vimos que o torcicolo congênito é uma doença de relevante incidência em recém-nascidos e que pode ser facilmente tratada, sem a necessidade de intervenção cirúrgica, quando diagnosticada previamente.


Assim, o pediatra deve fazer um diagnóstico clínico preciso, mesmo que os pais não solicitem a observação postural. 


Nas consultas de rotina, essa deve ser também uma preocupação do médico, uma vez que, como mencionado, o TC pode ter níveis diferentes e a criança pode ter apenas uma limitação de movimento e não uma inclinação de pescoço bem definida, porém isso já pode indicar um início de TC.


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Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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