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Pré-natal: mamilos invertidos e planos, como lidar
17 de setembro de 2021
Pré-natal: mamilos invertidos e planos, como lidar

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Um fator recorrente na rotina do pediatra é a dificuldade na amamentação que a dupla pode apresentar principalmente nos primeiros dias de vida. Uma das causas comuns dessa dificuldade pode ser o formato do mamilo da mãe. Isso porque o mamilo pode ter um bico protuberante, mas também pode ser invertido ou plano, os também chamados "bicos desfavoráveis".


Assim, é esperado que o pediatra faça uma análise prévia da mama, identificando que aquele formato de mamilo (invertido ou plano, por exemplo) pode interferir em algum nível no processo de amamentação. Dessa forma, ele pode passar orientações de manejo adequadas para minimizar as dificuldades de mãe e filho durante o aleitamento, idealmente ainda no pré natal.


Ressaltamos que a existência de um mamilo invertido ou plano não significa necessariamente que haverá dificuldade na amamentação. Algumas mães conseguem
alimentar seus bebês mesmo quando apresentam os bicos desfavoráveis, no entanto devemos ficar atentos e ter um olhar cauteloso nesses casos, orientando sem alardes desnecessários na família ao mesmo tempo que oferecemos ajuda e informação de qualidade, principalmente se a dupla apresentar dificuldade durante a amamentação. 


Dito isso, neste artigo, conheceremos a definição do que é mamilo invertido e mamilo plano, como identificá-los em uma análise clínica e como orientar a mãe o manejo durante a gestação e durante o aleitamento.


O  que é mamilo invertido? 

A maioria das mulheres apresenta mamilo protuso, que fica em evidência quando estimulado pelo toque. No entanto, cerca de 10% das gestantes podem apresentar o mamilo invertido na mama, o que pode ser dificultador no processo de amamentação.


Para identificar o mamilo invertido, basta fazer uma análise clínica da mama e observar como o mamilo se comporta quando o corpo é estimulado pelo toque, por exemplo.


Nesse diagnóstico, é importante observar se o bico é retraído ou invertido, se é de uma causa congênita ou adquirida e ainda se é unilateral ou bilateral (ocorre nas duas mamas ou não).


Quando congênitas, avaliar se são esporádicas, sem causa aparente ou se são fruto de um distúrbio genético. Quando adquirido, é preciso também investigar a causa para saber se tem um origem benigna ou maligna. 


Na análise clínica, é importante também identificar o grau desse mamilo invertido. Existem três graus categorizados para esse formato de mamilo.


  • Grau 1: mantém a protusão por um tempo após estímulo, depois retrai;
  • Grau 2: mantém a protrusão só durante o estímulo;
  • Grau 3: não manifesta protrusão com estímulo.


Destaca-se que a ocorrência do grau 3 é bem pequena, menos de 10%, mas pode ocorrer e acaba sendo o mais desafiador no quesito da amamentação.


O que é mamilo plano?

Já o mamilo plano é caracterizado por não ser muito protuberante e ficar quase no mesmo nível da aréola, o que também pode potencialmente causar desconforto e dificuldade de pega e sucção na amamentação.


Mesmo que a área seja estimulada, o mamilo permanece pequeno ou raso, como é conhecimento popularmente.


A identificação desse formato de mamilo também pode ser feita na análise clínica e em conversa com a gestante.


Se mesmo com o desenvolvimento da mama, durante a gravidez, o mamilo permanecer dessa forma, há como orientar a mãe sobre técnicas para que ele fique mais protuberante e ela possa amamentar sem maiores dificuldades.


Manejo no pré-natal

Não existe comprovação científica que o estímulo da mama na fase pré-natal possa reverter a situação do bico desfavorável. Assim, tanto massagens, exercícios de Hoffman e uso de conchas rígidas "formadoras de mamilo"  não devem ser recomendados.


Durante o pré-natal o mais importante é
informação, é necessário que a mãe entenda o tipo de bico desfavorável que ela possui, o grau, as características e o que precisa se atentar após o bebê nascer e iniciar a amamentação. Nesses casos sempre recomendamos o acompanhamento paralelo com consulta de amamentação, para um maior acolhimento e acompanhamento. 


É importante lembrar que as 24 horas iniciais de nascimento do bebê são muito importantes e incentivamos que o bebê mame direto na mama, sem intermédio de conchas, isso aumenta muito a chance do sucesso da pega para os casos de bicos desfavoráveis. 


Posteriormente a essa fase, se houver dificuldade, algumas técnicas podem ser recomendadas.


Manejo após nascimento

Inicialmente, é preciso orientar a mãe a ter paciência no processo de aleitamento e experimentar diferentes posições de pega. Por exemplo, colocar o bebê mais em pé ou sentado, em vez de apenas deitado no colo na posição "tradicional". 


Outra dica de manejo é indicar a “pega sanduíche" que é pressionar a mama com a mão da mesma forma que se segura uma sanduíche, facilitando que o bebê "abocanhe" o complexo mamilo-areolar. 


Nos casos de mamilo invertido nos graus 1 e 2, em que há protrusão da mama por estímulo, incentivamos fazer estímulos antes do momento da amamentação para que o mamilo fique mais protuberante e possa tocar o palato do bebê, estimulando a sucção mais facilmente. Existem também apetrechos no mercado que podem ajudar nesse movimento. 

Todas essas técnicas devem ser realizadas antes do ato de amamentar.


O bico de silicone deve ser evitado ao máximo nos graus 1 e 2 e ponderado com cautela nos casos mais graves, grau 3 ou bico plano sem protrusão ou nos casos que não tiverem sucesso com as outras medidas e acompanhamento com consultora de amamentação. Existem bicos de silicone no mercado que são melhor indicados devido suas características. 


Em ambos os casos, orientar a mãe a higienizar o material durante o manejo e não fazer uso desse recurso durante toda a fase de aleitamento da criança. As técnicas de estímulo devem ser mantidas e o suporte de silicone deve ser usado provisoriamente.


Essa atenção ao uso do bico de silicone se dá pois o uso pode acelerar o desmame, reduzir a produção de leite e ser a causa de lesões mamilares e confusão de bico. O ideal é que o
pediatra observe a evolução do processo de amamentação e amadurecimento do bebê e estimule a mãe a buscar formas de amamentar sem o auxílio de um dispositivo artificial, mas ainda sim o uso do bico de silicone é melhor do que o potencial desmame ou não amamentação no seio, sendo uma última "carta na manga" frente aos casos desafiadores. 


Evidente que pode haver casos em que nada, nem o bico de silicone, resolva a dificuldade na pega, nesses casos podemos recorrer a outros métodos de alimentação e traçar um plano de cuidado enquanto trabalhamos para resolver a causa de base, como por exemplo a extração do leite materno utilizando uma bomba elétrica.


O importante é seguir incentivando a produção da mãe para que o bebê possa mamar o maior tempo possível e viável para a dupla mãe-bebê.


Para saber mais sobre esse tema, temos nosso curso de especialização em amamentação direcionado para pediatras e oferecemos aqui também um
Infográfico sobre Amamentação, pega, posição e sucção, não deixe de baixar o nosso e conferir excelentes dicas para ajudar no processo de amamentação.


Por Eludivila Especialização Pediátrica 18 de junho de 2024
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês (DDQ) é uma doença que acomete 5 a cada 100 crianças e que pode levar a dificuldade de mobilidade, dor e outros problemas ortopédicos. Neste artigo especial da Eludivila Especialização Pediátrica , revisado pelo Ortopedista Pediátrico, David Gonçalves Nordon (CRM 149.764) , reunimos as principais informações que pediatras gerais precisam saber a respeito da displasia do desenvolvimento do quadril em bebês. Assim, você poderá fazer um diagnóstico e tratamento corretos, além de fornecer boas orientações aos pais e cuidadores. O que é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)? Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida antigamente como luxação congênita do quadril, é uma patologia ortopédica, que acontece quando a curva do acetábulo não se desenvolve corretamente . Isto é, a cavidade da articulação do quadril se apresenta de maneira que facilita uma subluxação ou luxação do quadril. Todas as variações dentro desse espectro se enquadram, atualmente, no que definimos como DDQ. O resultado são problemas de estabilidade, mobilidade, posicionamento da articulação, dores articulares, dificuldade do bebê para engatinhar, dentre outros. Em 60% dos casos, a DDQ acontece do lado esquerdo, 20% no direito e 20% dos casos são bilaterais. A propensão ao quadril esquerdo se dá pela posição em que a maioria dos bebês se encontram no útero, causando uma pressão do sacro nesse lado. Causas e Fatores de Risco da DDQ A Displasia do Desenvolvimento do Quadril em bebês pode ter algumas causas, dentre elas a posição intrauterina do feto , que pode forçar o quadril a sair do lugar, e fatores hereditários , que causam predisposição genética. Podemos subdividir os fatores de risco associados ao desenvolvimento da DDQ em quatro grupos: 1. Alterações do continente (útero) Quando o útero aperta o quadril do bebê, o que pode ser causado por diversos motivos, como: Oligoidrâmnio, quando o volume de líquido amniótico está abaixo do esperado para a idade gestacional e causa essa pressão; Primeira gestação, pois o útero costuma estar mais rígido; Útero com alguma fibrose, cicatriz ou deformidade; Gestação gemelar. 2. Fatores de risco relacionados ao conteúdo É o caso de gestações com bebês que: São grandes para a idade gestacional (GIG); Movimentam-se pouco dentro do útero, por diversas razões; Com apresentação pélvica, posição que pode aumentar em até 21 vezes o risco de DDQ. 3. Fatores genéticos Em relação à predisposição genética, é possível apontar como fator de risco para a displasia de quadril: Bebês do sexo feminino, que aumenta em até 9 vezes o risco de DDQ, já que os hormônios circulantes femininos (estrogênio e progesterona) aumentam a flexibilidade das articulações e a frouxidão ligamentar; Histórico familiar positivo, que pode ser, na verdade, desde um familiar que efetivamente tratou uma DDQ, até algum familiar com um desgaste precoce do quadril (ou seja, artrose do quadril em torno dos 30 a 50 anos), que geralmente é causada por uma displasia leve não diagnosticada e, portanto, não tratada na infância. 4. Fatores extrauterinos São os fatores que acontecem após o nascimento do bebê e que devem ser orientados pelo pediatra, como: Uso do “charutinho” com as pernas juntas e esticadas; Uso de outros acessórios que podem contribuir para que o quadril do bebê saia do lugar, como carregadores e andadores. Leia também: Assimetria craniana em bebês: Guia completo para pediatras Sinais e Sintomas da Displasia do Quadril Após avaliar os fatores de risco, os pediatras devem estar atentos a alguns sinais que os bebês podem apresentar, como: Assimetria das nádegas (a assimetria das pregas isoladamente, porém, não tem significado clínico; precisa haver outros sinais para se pensar em DDQ); Limitação de movimento do quadril, com dificuldade na abertura das pernas (pode ser observado na troca de fraldas, por exemplo); Claudicação. Como fazer o diagnóstico e avaliação da DDQ Bom, mas então, como fazer a avaliação em consultório para detectar uma possível DDQ no bebê? Além da observação dos sintomas apontados pelos pais, é necessário fazer o exame clínico, além de solicitar ultrassonografia do quadril . Dentre os principais métodos diagnósticos em consultório estão: Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo e mostra o quadril luxado. Indicado para realização até os três meses de idade do bebê. A manobra de Ortolani, entretanto, é bastante falha: ela perde o diagnóstico em 95% dos casos leves e 50% dos casos graves, com o quadril efetivamente luxado; Manobra de Barlow : detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo, evidenciando o quadril que é passível de luxação e também deve ser feito até os três meses. É igualmente pouco confiável; Manobra de Hart: após os três meses, esse é o exame mais indicado, já que Ortolani e Barlow normalmente estão negativos, mesmo que o quadril esteja luxado. Se você quer aprender a realizar as manobras adequadamente, a Eludivila conta com aulas completas na Especialização em Puericultura com Patologias, com módulo específico para ortopedia. Acesse agora e amplie o seu conhecimento para além da residência médica Quando pedir um ultrassom do quadril? No Brasil, não há um protocolo específico de quando pedir o ultrassom. Aqui no Eludicar Centro Materno-Infantil, a conduta é fazer o screening universal , ou seja, solicitamos o ultrassom para todos os pacientes, a partir das 3 a 4 semanas de vida do bebê. Nos casos em que o bebê apresenta fatores de risco (apresentação pélvica, oligoidrâmnio, gemelares), o ideal é fazer a ultrassonografia na primeira semana de vida. Para definir o tratamento, você pode utilizar o método Graf para ultrassonografia articular, que divide em graus o nível de alteração: 1A e 1B: quadris maduros 2A: pode ser dividido em 2A+ (deve-se repetir o exame em um mês) e 2A- (recomendamos o tratamento, conforme orientações do protocolo europeu, proposto pelo Dr. Graf em 2022, já que há evidências de uma possível artrose no futuro); 2B: quadril alterado após os três meses de idade, que indica tratamento; 2C, 2D, 3 e 4: quadril alterado, que necessita tratamento. Interpretar o resultado do ultrassom pode ser desafiador, por isso recomendamos assistir ao estudo de caso clínico realizado pelo Dr. David Nordon, ortopedista pediátrico do Eludicar. Tratamento e Manejo da DDQ
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